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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Espero ser avó dos meus (eventuais) filhos

Trabalho perto de uma escola primária e quando vou para casa estão sempre alguns miúdos a sair. Como são pequenos a maioria sai acompanhada por adultos e alguns deles devem ser os avós.

Mas é adorável vê-los. A conversarem, a falarem do dia, das brincadeiras e traquinices. E os avós sempre com aquela paciência, um sorriso e também na brincadeira com eles. E vêm devagar a conversar, com tempo e sem pressas. 

E aí lembro-me sempre de como foi tão boa a minha infância. Como a minha avó tantas vezes me foi buscar e levar à escola (e, por vezes, até o lanche me ia lá levar). Como era tão feliz nesse tempo e nem me apercebia.

A minha avó tinha e tem sempre tempo para mim e para os netos. Fazia-me as vontades (o Cocas até diz que eu sou a menina da avó), mas que bom que era! Os bolos que fazíamos, a paciência que tinha, o tempo que estávamos juntas. Emprestava-me os tachos pequenos para eu fazer as minhas comidas de ervas e terra e água. E deixava-me chafurdar. Às vezes até me dava algumas laranjas ou tomates ou pimentos pequenos que já não prestavam para eu dar outro condimento à brincadeira. Quando chegava a sexta-feira eu já saía da escola a pensar em passar o fim-de-semana em casa dos meus avós.

Quando vejo estes avós é disso me lembro e o meu coração fica cheio. Recordo o tempo que estamos juntas desde que nasci, de ela anuir tantas vezes aos meus pedidos, e mesmo sem pedir, das vontades que me faz(ia) e de eu respeitá-la sempre muito (e amá-la ainda mais).  

Hoje em dia os pais não têm tempo, andam sempre a correr com tantas coisas para fazer. Também nisso eu e os meus irmãos fomos uns sortudos porque os meus pais tinham tempo. Por isso, espero ter sempre tempo para os meus filhos, buscá-los à escola e passearmos a pé até casa, falarmos e brincarmos como se o tempo fosse nosso aliado. Espero ter tempo como alguns avós têm agora. E não viver angustiada por não conseguir conciliar o trabalho com a família (mas isso ainda é um luta longínqua e não vale a pena sofrer por antecipação).

Quando chegar a altura de ser mãe, espero ter tempo e a paciência comum nos avós e ter sempre como modelo o reflexo de uma infância feliz ao pé da minha avó. E sim, com ela sou egoísta e ela é minha, embora sempre gostei de ver o amor que todos nós (os 8 netos e 9 bisnetos) nutrimos por ela!

A minha amada avó Z. faz hoje 84 anos! E nunca serão demais as vezes que direi que a amo, que ela é importante para mim e que não seria tão feliz e quem sou sem ela. Obrigada por tudo! :)


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