Firmoo

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Esta coisa chamada de cidadania

Vivo num mundo romanceado em que o respeito ao próximo e a liberdade individual existem, onde está implícita a entre-ajuda e a cooperação e, quiçá, alguma dose de altruísmo.
No entanto, o mundo real é bem diferente e o egoísmo sobrepõe-se ao colectivo, em que é cada um por si e começo a temer que até valem arrancar olhos e pisar (literalmente, porque figurativamente isso já acontece) os outros até conseguirem alcançar o que querem.

Já por duas vezes distintas, sentada num dos lugares prioritários dos transportes e mesmo reunindo uma das condições que lá indicam, vejo-me obrigada a dar o meu lugar quando em meu redor estão outras pessoas que não preenchem os "requisitos de admissão ao lugar". A última das vezes levou a uma discussão violentíssima entre os restantes passageiros (eu senti-me vermelha como um tomate maduro e não abri a boca), mas o motorista ameaçou levar todos para a esquadra. E a justificação das restantes pessoas: não tinham visto ou ouvido, mas como já estava de pé, obrigadinha!

Podia considerar que eram casos isolados, mas começo a achar que a sucessão de situações não podem ser meras coincidências. 

No trabalho é visível o esforço em que venho (coxeio e tenho uma carraspana valente em cima do lombo), mas dizem "coitada", "isso é doloroso", "que maçada", mas o trabalho continua a ser feito por mim e não vejo intenções imediatas de arranjarem alguém para me ajudar ou substituir. A Miss Piggy continua a dar conta do recado e isso é que importa.

Na teoria é tudo muito bonito, mas na prática fecham-se os olhos, desviam-se olhares e esperam que ninguém insista e levante a voz para fingir que não ouviram. Que esperar das gerações vindouras quando os mais velhos estão longe de dar esse exemplo?

Bem, vou só ali dar justificação às hormonas e desesperar um bocadinho... Dizem que as grávidas devem estar calmas e tranquilas, não é? Pois, era bom era se ajudassem e não enervassem até à médula com merdas cenas e coisas.


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