O telefone da mãe faleceu. Renunciou a uma vida de horas a funcionar e após um prolongado apito final calou-se, desligou-se e nunca mais se ouviu. A minha mãe, pouco dada a tecnologias (mas a mais do que seria de prever) resolveu comprar um equipamento novo e suponho que escolheu o mais barato que havia na loja. Posto isto, feliz e contente com a sua nova aquisição, depressa o ligou e começou a usar.
O que acontece (como um pouco a todos os Tugas), primeiro liga, usa e depois, quando não percebe como funciona, é que se digna a ler as instruções. Ela ainda nem isso fez. Limita-se a carregar nos botões e tentar experimentar como funciona, como fazem os miúdos. Mas acho que os miúdos têm uma maior tendência para acertarem.
Acrescendo a isso o facto de nós funcionarmos com um sistema de toques. Quando chegamos a algum lado, para avisarmos que está tudo OK, e não gastarmos dinheiro, damos um toque. Tudo certo. Só que a minha mãe, que ainda não leu as instruções e está toda vaidosa com o telefone novo que nem percebe como aquilo funciona, desata a atender as chamadas porque os números que gravou, ao que parece, não estão bem. Dá toques não sei bem para quem. Diz que me ligou, ou para casa ou para o telemóvel, mas não tenho registo em lado nenhum. Este novo telefone dela é um pandego, sempre na brincadeira.
Já lhe sugeri que lesse as instruções. Mas aquilo é muita coisa, e não percebe, e não tem tempo e não tem paciência e não lhe apetece, e lá me vão 50 cêntimos de cada vez que é suposto só avisar que está tudo bem e ela atende. Será que aquilo vem com botões trocados?
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